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Mostrando postagens de 2017

Você!

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          (Fotografado por Louise Chin) Você Tantas tentativas Em vão Não!   Nada é em vão Tentei E tantas vezes, sonhei Inúmeras outras, me surpreendi Com possibilidades do porvir Demorei Ou não. O tempo não conta a demora Tampouco a espera Entendi   Que para encontrar   Você Bastou lembrar que desde   O início O que mais desejei Foi: Você! Quando a gente deseja   De verdade Não tem tempo Não tem hora Não tem sangue Não tem idade Tem: Você! Desejo à você A Eternidade A Alegria   O Amor   A Sabedoria A Humildade Você   Faz parte dos meus sonhos E da realidade Você   Me acordou Me ensinou Que o tempo É precioso Justamente por não contar As mínimas coisas… ficam pequenas demais! O que faz A vida ser plena É a simplicidade Os Encontros Você! Obrigada, filho! Obrigada a você - que aqui me lê -, pela gentileza de ler meus pequenos relatos e por me fortalecer com suas

Um Copo de Água

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Antes de deitar-me, sabia que tudo - ou quase tudo - o que havia planejado para o dia seguinte, seria realizado, a não ser que acontecesse alguma variação diversa do meu projeto original. Mas, ao ser mãe, essa convicção termina ainda na madrugada…uma tosse incessante ou um choro angustiante, em que um pulo dado da cama faz com que eu, em menos de 3 segundos, esteja no quarto ao lado já com o nosso filho em meu colo. Nunca mais tive a certeza do que havia planejado para o dia seguinte poderia efetivamente ser concluído.   E foi numa dessas conversas com meu marido, em um sábado à noite (falando das mudanças ocorridas com a chegada de Pedro), com ele desperto a brincar ao redor da mesa, quando ouvimos Pedro dizer a palavra “completo” sem coerência alguma com a frase mencionada. Perguntamos a ele se sabia o significado de completo. Ele respondeu que não. Meu marido apontou para um copo de água que estava sobre a mesa e disse a ele que o copo estava pela metade.

A Riqueza

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Saber esperar é realmente uma grande sabedoria.  O que mais sentia quando estava na fila de adoção, era uma sensação de abandono.  Mesmo tentando completar o meu tempo, por 3 anos, o relógio parecia não mover seus ponteiros.   Achava que aquele telefonema do fórum não iria receber. Me sentia descrente e tudo o que eu mais tinha certeza passava a ser incerto. Tentei então me convencer (e as minha amigas também) que isso não era para mim, que eu deveria ouvir melhor os sinais e que a maternidade poderia ser realizada de outras formas: sendo professora, tia, madrinha, cuidando de outras crianças que não a minha. Eu estava em paz comigo e enquanto isso, meu marido e eu - e o país todo - entrávamos em uma grande crise financeira. Eu estava com pouquíssimos trabalhos, rareando cada vez mais. Ou seja, mais uma “desculpa” para dizer que não, não era mesmo para eu ser mãe.   Até que o telefone toca. Sobe um calor, o coração dispara e tudo o que eu falava para as amigas

Sutis Diferenças

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Sempre ouví que, após ser mãe, a gente passa a olhar primeiro para as necessidades do filho e, depois de muito pensar, virão as nossas para aquilo que não se pode dispensar. Há 1 ano e 9 meses tornei-me mãe e ficou evidente que é assim mesmo. Nos 20 dias que fomos ao abrigo (processo de convivência) era nítido que uma criança criada nesta situação, as necessidades são outras, ou melhor, se resume apenas ao desejo de encontrar uma família. Ele não pedia balinha (mesmo que levássemos para ele confeitos agradáveis ao paladar infantil), nem brinquedos ou qualquer outra coisa, apenas a nossa presença, como : - Vocês voltam amanhã? Provavelmente, como toda criança (e ser humano), tinha vontades e desejos, mas, em sua vida, isso não era cabível. Em seu quarto, montado às pressas, logo no início, havia poucos brinquedos. E, diferente de um bebê recém-nascido, que recebe presentes logo ao nascer, com Pedro se passou de outra forma. Ele foi gradualmente apresentado aos nosso

Dar à Luz

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Compartilho esta poesia que me encantou em sua simplicidade, delicadeza e graciosidade, de Bráulio Bessa Uchoa - grande poeta de literatura de cordel, declamador e palestrante, trouxe a adoção como tema deste belíssimo cordel: "Dar à Luz" Dar à luz a uma criança, é iluminar os seus dias Dividir suas tristezas, somar suas alegrias É ser o próprio calor, naquelas noites mais frias Dar à luz é estar perto, é sempre chegar primeiro É ter o amor mais puro, mais honesto e verdadeiro Amar do primeiro olhar até o olhar derradeiro Dar à luz é se estressar, é não conseguir dormir É ser quase odiado por dizer, não vai sair Dar à luz é liberar, mas também é proibir Dar à luz é ser herói com papel de vilão É saber regrar o sim e nunca poupar o não Não é traçar o caminho, é mostrar a direção Dar à luz é ser presente nos momentos mais cruéis É ensinar que os dedos valem mais do que os anéis É mostrar que um só lar, vale mais que

A Amamentação

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Presenciei, diversas vezes, mãozinhas ligeiras de um bebê/criança remover parte da roupa de sua mãe a procurar pelo peito, pelo leite que ainda o nutre - ou mesmo que não mais -, na sua forma mais pura e inerente à vida. E dão-se diferentes reações: algumas mães ficam envergonhadas, outras dão risadas, mas, a maioria embala seu filho no colo promovendo esse encontro tão único e que leva tempo para que seja desfeito. É como se o universo, naquele momento, se resumisse à sucção. Pedro por ter saído direto do hospital para o abrigo, não foi amamentado.   Como também, tê-lo conhecido quando completou 3 anos de idade, não me passou pela cabeça o ato de aleitar.   E jamais presumí que pudesse acontecer o mesmo comigo… A primeira vez ocorreu no banheiro.   Havia terminado de dar banho nele, eu estava agachada enxugando-o e ele em pé, quando me perguntou se poderia tocar os meus seios. Respondí a ele que sim.   Ele revolveu a minha blusa, até encontrar meu peito e, assim, o toc

"O Livro da Família"

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Logo de cara me apaixonei pelas cores e desenhos dos livros infantis do artista e autor Todd Parr.  São livros que divertem e ensinam, trazendo novas formas de percepção perante os assuntos tratados com tanta ternura sobre adoção, diferenças culturais, raciais e sociais. O “Livro da Família”(Panda Books, 2017), quando lí para o Pedro pela 1a. vez, ao chegar na página que diz que algumas famílias adotam filhos, houve uma troca de olhares e logo veio o comentário: - “Mãe, essa é a nossa família!”   Nos abraçamos, sorrimos e continuei a leitura - feliz e agradecendo ao autor por abordar com tanta leveza temas polêmicos, como este.   Tal sensibilidade, tratada em frases curtas e objetivas, é capaz de nos envolver e perceber que a verdade quando exposta de forma simples e pura nos conduz à graça da vida! OBS.: Todd Parr tem outros livros publicados aqui e já foram vendidos milhares de exemplares no mundo todo. Este, citado neste post, está na 18ª impressão e parte dos

Hoje é o Dia...

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                                       Hoje é um dia importante, mundialmente falando. Hoje se comemora o Dia Mundial da Adoção (World Adoption Day)! O objetivo desta campanha é o desejo de um mundo sem órfãos, sem crianças e adolescentes passando boa parte de suas vidas em abrigos. É trazer um novo olhar e apoio (humano) às famílias formadas por adoção e crianças ao redor do mundo. O objetivo principal é este: o seu olhar com AMOR! #WorldAdoptionDay #DiaMundialDaAdoção World Adoption Day is a day to celebrate family. World Adoption Day is a day to raise awareness for adoption. World Adoption Day is a day to raise funds to support families in their adoption. Ambassadors from all over the world are organizing events and parties, bringing together people from all walks of life to celebrate World Adoption Day. Join us as we create a day to celebrate the power and beauty of family brought together through adoption. #WorldAdoptionDay http://worldadoptionday.org/ https:/

O Progresso

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Lembro-me bem do 1º dia que participamos, meu marido e eu, do grupo de apoio à adoção, pois não imaginávamos encontrar aquele número de pessoas dispostas a adotar - achávamos que haveria menos indivíduos interessados.  Isso ocorreu no início de 2013. Saímos de lá diferentes, nos sentindo mais fortes e com a certeza de quão importante é participar de um Grupo de Apoio à Adoção. Porém, quando Pedro chegou, no ano passado, estivemos ausentes das reuniões por um tempinho e ao retornar - para nossa surpresa -, vimos que quase triplicou o número de pessoas que desejam adotar. Tanto melhor, foi receber, em 29/10/17, a notícia que o percentual de pretendentes dispostos a adotar crianças acima de 5 anos, indiferentes a cor e que aceitam grupos de irmãos aumentou significativamente nos últimos anos. Com a ampliação do perfil desejado, o processo se tornou mais célere e muitas crianças e adolescentes estão tendo a alegria e a oportunidade de, enfim, ter uma família! Essa conscientização se d

Avanço

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Em meio ao pandemônio que vivemos no Brasil, houve, na semana passada, uma agradável informação! O Senado aprovou projeto de lei que agiliza o processo de adoção de crianças e adolescentes, dando prioridade aos grupos de irmãos ou menores com deficiência, doença crônica ou com necessidades específicas de saúde.   Promovendo assim, alterações na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e no Código Civil, tais como estas importantes iniciativas: - a autorização do cadastro para adoção de recém-nascidos e crianças mantidas em abrigos que não forem procuradas pela família biológica em até 30 dias (quando estávamos na fila, o prazo era de até 2 anos!); - a redução do prazo para tramitação do processo de habilitação, limitando a 120 dias como período máximo para conclusão deste processo (o nosso durou 1 ano);   - a duração máxima do estágio de convivência que antecede a adoção nacional firmada em 90 dias;   - assegurar a estabilidade para mamães com guarda provisória; - o

O Desafio

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Estávamos, Pedro e eu, a brincar no quintal de casa - no ano passado, ele com seus 3 aninhos e 4 meses conosco - após pinturas e espirros de tintas, mais tropeços que chutes na bola (da minha parte, claro! rsrs), rabiscos com giz no muro,...e chegou a hora de ir para o banho! E, eis que surge a primeira birra! Sim! Eu sabia que um dia ela chegaria. O sorriso maroto que Pedro exibia, em menos de 3 segundos, um som estridente e alarmante passou a ecoar de sua garganta. Eu, tentando acalmá-lo, dizia que chegou a hora, que estávamos suados, sujinhos,…Mas, a teimosia não o deixava. Ficou irritadiço e começou a gritar comigo. Respirei fundo, olhei firme em seus olhos e num tom baixo falei, ou melhor, repetí o que algumas vezes ouví de minha mãe: - “Não grite comigo! Sou sua mãe!” Lembro-me bem, quando ouvia essa frase, ficava quieta e fazia cara de enfurecida.   Com Pedro, me surpreendí ao ver em seus lábios despontar um sorriso e uma alegria surgir em seus olhos!   Não

Achei Você no Meu Jardim

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Sabemos que ainda há muito o que fazer pelas crianças que se encontram em situação de abrigo, mas, a cada criança que recebe amor e um lar, é uma vida a tocar, a semear e, de novo, a brotar. Uma alegria saber que as pessoas se realizam quando encontram seu(s) filho(s) do coração. E muitas delas passaram a falar, nos últimos anos, sobre isso. Contribuindo para que se desperte um novo olhar…   Melhor ainda, quando as palavras se transformam em melodia. Comovente a letra e   música da grande e doce Vanessa da Mata, cantora, compositora e escritora brasileira, e mãe por adoção de 3 crianças (são irmãos biológicos), fez essa linda canção em homenagem aos seus filhos (Bianca, Filipe e Micael): "Minha Herança: Uma flor" Achei você no meu jardim Entristecido Coração partido Bichinho arredio Peguei você pra mim Como a um bandido Cheio de vícios E fiz assim, fiz assim Reguei com tanta paciência Podei as dores, as mágoas, doenças Que nem as fol

Pertencimento

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Logo que Pedro iniciou as aulas de natação (ano passado), com seus 3 aninhos e recém-chegado em casa,   passamos, ele e eu, agachados ou sentados, na borda da piscina.   Tentei, junto ao seu professor, persuadí-lo a encarar aquele imenso tanque de água com algumas brincadeiras, como “cachoeirinha” ou com carrinhos, e o que não poderia faltar: bolas! Mas, ele não quis entrar por nada! No final da semana seguinte, em viagem à casa da avó, pela primeira vez - tanto para conhecê-la, como em sua casa -, entrou, sem hesitar, na piscina.   Ao retornar à aula de natação, entrou confiante na água e feliz contou a sua proeza ao professor. A pedido de Pedro, convidei um amigo da escola para passar uma tarde em nossa casa. Ele ficou muito   entusiasmado! Chegada a data, ele quis participar de toda a produção: pediu para que eu lesse as mensagens de confirmação da mãe do coleguinha (rsrs), arrumou seus brinquedos, o seu quarto, ajudou a preparar os sucos e, por um triz, a mergulhar o

Um Sonho Possível - Trailer

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Família Acolhedora

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Há uma melhora significativa associada ao desenvolvimento físico, cognitivo e social quando as famílias recebem em casa a criança ou jovem, quando afastados da família de origem. Permitindo que crianças retiradas de suas famílias por decisão judicial recebam mais do que a assistência impessoal de um abrigo público. Ou seja, uma alternativa para que estes jovens tenham um menor sofrimento quanto ao rompimento de sua convivência familiar e estejam melhor preparados para a reintegração familiar. A proposta de privilegiar o encaminhamento de vulneráveis para casas de acolhedores em vez de instituições adquire força desde 2009, com a aprovação da Lei Nacional da Adoção. A inclusão do Programa de Acolhimento Familiar na Lei da Adoção, criado pelo Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária foi incorporado à lei devido aos resultados positivos obtidos até então. As famílias acolhedoras não se comprometem a assumir a criança como filho. O período de acolhimento é de 6 meses,

A Despedida

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Com a apresentação de teatro da escola do Pedro para ir, no final do ano passado, ele fez questão que a sua avó viesse até São Paulo para assistí-lo.   Tão feliz com a vinda dela, me pediu para que ela dormisse em seu quarto. Desde o seu primeiro encontro com Pedro, ela fez o mesmo em sua casa: o colocou em sua cama para dormirem juntinhos. Fui ao aeroporto buscá-la. E, como ela chegou pela manhã, quis fazer uma surpresa indo pegá-lo na escola. Ele deu um pulo de alegria quando a viu e gritou “vovó” e, com muito entusiasmo, a abraçou vigorosamente. No dia da apresentação, Pedro estava feliz com a sua família o assistindo. Ainda tímido, fez o seu melhor no palco - ficava enrolando com os dedos a sua bolsinha a tiracolo, tentando disfarçar seu acanho (rsrs). Tudo certo até o dia da partida de sua avó tão amada. Ela retornaria no finalzinho da tarde. Mas, nesse dia, ele esteve manhoso, birrento. Fomos levá-la ao aeroporto e, no saguão, ele passou a cantar músicas infant

Ponto de Partida

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Vontade de ter filhos, de aprender, de virar pai ou mãe: Essa é uma equação que une o amor por crianças à vontade de se dedicar inteiramente a uma delas, e de mudar sua vida e quem você é em função disso. Reconhecer que há muito o que aprender e aproveitar a oportunidade. Esse é um bom ponto de partida para adotar um filho. Continue a refletir sobre isso, converse bastante com pessoas que já passaram ou estão passando pela experiência e informe-se o máximo possível. Se você realmente sente que sua família está pronta para embarcar nessa jornada tão especial e única, o primeiro passo é comparecer a um fórum de sua cidade ou região com o RG e um comprovante de residência. A partir deste primeiro contato, você receberá instruções detalhadas sobre outros documentos a apresentar e sobre como funciona o processo de entrevistas com assistentes sociais da Vara da Infância e da Juventude para realizar a sua habilitação e entrar no Cadastro Nacional de Adoção (CNA). Segundo a legislaç

O Acaso

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Em meados do ano passado, com o carro em manutenção, a solução foi irmos - Pedro e eu - para a academia (aulas de judô e natação) de táxi - não tenho bike e não há transporte coletivo até a "gym". Porém, ao solicitar um para o nosso retorno, nenhum táxi à vista, em nenhum dos aplicativos acionados. Resolvemos voltar a pé para casa, o que daria uma caminhada de 16 quadras. Muito papo gostoso rolando, muitos portões com cães para acariciar, calçadas com relevos para tropeçar…rsrs Andando lado a lado, foi em uma esquina - a qual nunca mais me esquecerei - que Pedro, no meio de sua prosa, disse "Quando eu estava na barriga da tia..." (citou o nome de sua “tia social”, quem cuidou dele no abrigo). Nem o deixei terminar a frase. Expliquei a ele que não, ele nunca esteve na barriga dela, mas sim, da mulher que o gerou, a sua mãe biológica. Ele, assustado, com os olhos arregalados, parou de frente à mim, e perguntou: - Mas, mãe, não é você a minha mãe? Agachei

O Portão

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Ao começar a assistir o programa “Histórias de Adoção”, em 2016, logo que foi lançado no canal GNT, a música “O Portão” (de Lula Queiroga) nos fez chorar… Essa série documental dirigida pelo cineasta Roberto Berliner - e também pai por adoção -, acompanhado de sua mulher Ana Amélia Macedo, iniciou contando a sua história de como formaram a sua família. Na série, Berliner explora as particularidades do tema por meio de depoimentos de famílias bem diferentes.Tratando deste assunto complexo com muita sabedoria. Ajudando a quebrar muitos mitos e tabus, e emocionando a cada episódio ao exibir encontros de pais e filhos adotivos, como também, a realidade de crianças e jovens que vivem nos abrigos à espera de uma família. “Histórias de Adoção”, programa admirável em sua essência, que retrata o amor na sua forma mais pura, ilimitada. Ah! E a música! Pedro sabe de cor (“cor” em latim significa coração), então, saber de cor é saber de coração…

A Escolha

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Nessa mesma época no ano passado, que precede o dia das crianças, passei a perguntar para o Pedro o que ele gostaria de ganhar. Logo na primeira vez, ele me olhou surpreso sem saber o que responder. Achei normal ele ter dúvidas diante da variedade anunciada na televisão - principalmente nos canais voltados ao público infantil - e vistas em tantas prateleiras de lojas deste segmento e até mesmo em padarias…rsrs Voltei a perguntar a ele e nada!   Foi daí que eu percebí que esta pergunta ele jamais ouviu. Para ele, nunca houve, até então, um dia das crianças ou mesmo um Natal que ele pudesse escolher um brinquedo. Talvez, tenha ganho uma bola ou mesmo um brinquedo usado enquanto vivia no abrigo.  Ele não se recorda destas datas…   Era novidade ter que escolher.   Ví que ficou aflito com tal possibilidade. E assim, após duas semanas, ele continuou sem resposta.   Sabendo o quanto ele passou a gostar de heróis, enxerguei aí uma facilidade como alternativa. Ele ficou f

A Realidade

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Não deixaria de comentar a excelente cobertura do Profissão Repórter (Rede Globo), que fez uma maravilhosa matéria relatando as histórias de crianças e jovens que vivem em abrigos no nosso país à espera da adoção.   São narrações comoventes e mostram as situações destes que passam suas vidas em abrigos sonhando em ter uma família.  Expõe a triste realidade daqueles que são devolvidos no período de convivência, dificultando a reconstrução de sua auto-estima e socialização. E assustador, também, ao ver aqueles que ao completarem a sua maioridade (18 anos), tem que deixar a instituição de acolhimento, ainda despreparados e muitos sem ter para onde ir.     A matéria é completa, apresentando a veracidade das vidas de crianças e adolescentes, como também, grandes iniciativas a exemplo do estado do Espírito Santo com a campanha "Esperando por Você”. Vale a pena ver… Parabéns a todos do Profissão Repórter pela nobre cobertura!   https://globoplay.glob

O Nome

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Tudo estava tão claro para mim, pois sei que Pedro é o nosso filho. Mas, bastou ele adoecer para que os meus pensamentos passassem a vigorar com uma certa insegurança.   Até chegar ao pediatra, me senti culpada por não saber lidar - não sabia que tratava-se de uma potente amigdalite. Me deixou, também, em estado de alerta quando estivemos no laboratório quando ao ser chamado para os exames, pronunciaram o sobrenome de sua mãe biológica. Houve um certo constrangimento. E Pedro me olhou não entendendo que se referia a ele. Carregava em minha bolsa uma pasta com a Carta de Guarda Provisória, a sua Certidão de Nascimento e o R.G. (com o nome da mãe que o gerou), como documentos probatórios. Tive que apresentar estes documentos ao pediatra, para o plano de saúde e para as matrículas na escola e academia.   Porém, era embaraçoso quando ouvíamos o sobrenome ser anunciado ou ao perceber um olhar investigativo sobre mim quando apresentava nossos documentos em aeroportos, hotéis, es

Pedagogia da Adoção

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Este livro discorre sobre temas ainda pouco abordados sobre a filiação adotiva com muita sensibilidade e sabedoria.  Tendo o autor mais de 40 anos de prática clínica psicológica e sendo ele um pai adotivo, escreve com propriedade sobre o assunto tratando questões básicas sobre a adoção de filhos com foco em sua criação e educação contemplando suas imperfeições, qualidades, dores e prazeres.   Todos os livros de Luiz Schettini Filho são incríveis. Tomei conhecimento deste autor iniciando a leitura por este livro, que acredito ser de muita valia. Não se trata de uma apologia à adoção e fala com dignidade e consideração sobre a incorporação de filhos adotivos em sua maneira diferente de construção nas relações parentais.

O Apoio

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A decisão pelo caminho da adoção vai muito além do desejo de construir uma família.  É estar aberto para um filho que foi gerado em outra barriga e que desta família foi destituído. Onde a consanguinidade é irrelevante.  É realizar os sonhos de ser pai, mãe e filho, e onde não faltarão amor e respeito.  É sentir-se grávida no coração. E desejá-lo, muito! Essa determinação só se apresenta verdadeira quando muito se conversou, refletiu e buscou informações a respeito. Todavia, isso não basta. Acreditávamos que estávamos preparados quando tomamos a decisão, mas, foi por meio das participações no Grupo de Apoio à Adoção que nos foi abordado os desafios, as dificuldades durante o processo, o preparo emocional dos futuros pais, como também, a troca de experiências entre os que já adotaram com os que estão no caminho da adoção. Há de se esgotar todas as dúvidas, há que se abrir ainda mais o coração para o significado da adoção diante da realidade encontrada nos abrigos, das cri

O Chamado

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Queria eu ter ouvidos tão apurados Só para ouvir o seu chamado Por que não rolou a audição? De tão entusiasmado   Quem ouviu foi o coração! Uma vez, antes de dormir, Pedro me perguntou por que não ouvimos quando, ele, no abrigo, tantas vezes chamou por nós. E, para me mostrar, sussurrou: - Mamãe, Papai! Poderia ser a distância, o barulho e tantos obstáculos que nos desorientam nessa cidade. Mas, não era essa a resposta. Não mesmo!   Imaginei essas noites dormidas no abrigo, por 3 anos, nas quais seus murmurinhos somente ele ouvia e que seus sonhos ficavam guardados na gaveta… É o que acontece com muitas crianças que estão nos abrigos, principalmente com os que estão ficando mais velhinhos. Eles sabem que quanto mais tempo lá, menores serão as chances de compor uma família. No entanto, lembrei e contei a ele que muitas vezes, antes de dormir, eu também chamei por ele. E quantas ondas puladas nas viradas de ano, eu perguntei: - Meu filho, onde está você?  

Evolução

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Na ocasião em que demos entrada com os documentos no Fórum, em fevereiro de 2013, para o processo de habilitação, não fazíamos ideia de quanto tempo iríamos aguardar.   Em 1 ano fomos habilitados (após entrevistas com psicólogos e assistentes sociais) e, mais 6 meses sucedidos, eu não me contive. Fui até a Vara da Infância e da Juventude e lá contei a minha aflição à espera de um telefonema. Fui convidada a comparecer no gabinete do juiz, que me mostrou todo o trabalho que a ele se designa. Constatei que seu ofício era fastidioso e realizado com muito esforço. Pois, em 2014, o CNA (Cadastro Nacional de Adoção) ainda não dispunha de recursos tecnológicos modernos para que se agilizasse os processos. Saí de lá sabendo que a paciência continuaria como minha fiel escudeira.   Observação: Esclareço que, mesmo sendo recebida pelo juiz, aguardei pelo ansiado telefonema, ocorrido em Janeiro de 2016.   Em 2015, houve uma reestruturação no CNA, facilitando as operações e viabilizando a

A Música...

Em uma das idas ao SOS Aldeias Infantis, houve uma em que o Gustavo não pode ir. E, foi em uma tarde onde estávamos, Pedro e eu, na quadra jogando bola quando uma chuva, ou melhor, uma tempestade começou a cair. Com raios, trovões e algumas poças começaram a brotar na quadra. Peguei-o no colo e ficamos bem no centro a olhar a chuva, quietos. O barulho do granizo nas telhas era quase ensurdecedor. Até que a chuva começou a diminuir e Pedro sorriu encantadoramente para mim. Num instante, ele estava no ar (brincadeira adorável de lançá-lo ao alto e agarrar nos braços), quando saiu uma voz lá de dentro de mim: - Você é o Amor da Minha Vida! Pedro parou no ar. Ví seu rosto perplexo. Foi tudo em câmera lenta. Nem eu acreditei. Ele voltou aos meus braços, me abraçando efusivamente. Foi aí que a nossa história se corporificou!!! Reconto este episódio (postado aquí em “As Idas ao Abrigo”), pois vemos que tudo está atrelado ao amor, o qual, reforça os aprendizados, em todos os senti

Annie

Tantos anos se passaram e quando penso em um filme sobre orfandade o primeiro que sempre me vem à cabeça é   “Annie”. Lançado em 1982 e dirigido por John Huston, foi baseado na história em quadrinhos “Little Orphan Annie” (Annie, a Pequena Órfã). Assistí quando tinha 12 anos e o reví muitas vezes… me emocionei em todas. Ela, a Annie, interpretada pela ótima Ailleen Quinn, era uma garota que vivia em um orfanato, onde sonhava sair, mas, acreditava que seus pais estivessem vivos.   Hoje, me faz pensar o quanto me atraía essa história e por tantas vezes me fez refletir sobre as crianças que vivem nesta situação. E, quando me deparo com o que me tornei, revejo esse filme com uma alegria em saber que encontrei a minha missão. Talvez a soubesse desde então…